Com a queda da taxa Selic, começamos a ver um movimento já esperado pelo mercado. Como os investimentos de Renda Fixa começam a apresentar uma rentabilidade cada vez menor pois, os títulos atrelados ao CDI e a Selic começam a cair, o que por sua vez “puxa” o preço dos títulos de Renda Fixa Pós Fixados, reduzindo então a rentabilidade da Renda Fixa.
Talvez você esteja se perguntando: Mas afinal de contas … o que é taxa Selic e por que ela está caindo?
A taxa Selic é a taxa de juros base da economia Brasileira, além de servir como base para índices como o CDI, que por sua vez é comumente utilizado para títulos de Renda Fixa, como os CDBs. Além de ser uma ferramenta importantíssima utilizada pelo Banco Central do Brasil para tentar conter a inflação.
Nos anos de recessão econômica, onde a inflação tende a se manter alta, o Banco Central costuma subir a taxa Selic, fazendo assim com que: o custo para a tomada de empréstimos fique maior, fazendo assim com que tenha menos dinheiro em circulação e como diz a lei da oferta e demanda, com menos produto em circulação, o preço dele sobe e como nesse caso, o produto é o dinheiro, então ele passa a valer mais ou seja o poder de compra aumenta, ou pelo menos para de diminuir.
Veja no gráfico a seguir, onde a linha verde representa a taxa Selic e a linha vermelha representa a Inflação, como a taxa selic ao acompanhar as altas da inflação age como uma força contrária à alta da inflação.
Em contrapartida, o aumento da taxa Selic ao tornar o crédito menos acessível, reduz também o poder de compra da população que deixa de consumir, agindo também como um freio para a economia, ou seja, é uma faca de dois gumes.
Na renda fixa, temos investimentos Pós Fixados (tem sua rentabilidade definida com base em algum índice) e Pré Fixados (têm sua rentabilidade exata previamente estabelecida).
Os índices mais utilizados para balizar os títulos Pós Fixados são o CDI (acompanha a Selic) e o IPCA (Índice de preços ao consumidor, utilizado para medir a inflação).
Sabendo então que a queda da Selic é utilizada para combate da inflação, a queda dela, provavelmente representa também queda ou grande expectativa de queda para a inflação, então podemos esperar queda do IPCA.
Títulos como IPCA+ (inflação + % de rentabilidade; ex.: IPCA + 5%), em teoria perdem rentabilidade nominal (de 15% para 10% por exemplo), mas como a inflação age de forma a subtrair poder de compra, ele manteve um ganho de 5% de poder de compra.
A Renda Fixa Pós fixada não sofre diretamente os efeitos da queda da Selic, pois a rentabilidade acordada previamente não será modificada.
Os CDBs ou Certificados de Depósito Bancário, são investimentos onde a pessoa é o fornecedor de crédito, e as instituições são as tomadoras (quem pega o dinheiro emprestado). Normalmente possuem uma rentabilidade acima da Selic, pois caso a rentabilidade fosse menor ou igual, seria menos arriscado emprestar o dinheiro diretamente para o governo, através do tesouro direto.
Mesmo os CDBs tendo uma tendência de serem um pouco mais altos que a Selic, eles não costumam passar muito, pois caso isso ocorresse, não seria viável para a instituição tomadora.
Então com a queda (ou expectativa de queda) da Selic, é comum vermos a rentabilidade dos títulos Pré fixados caírem junto.
Quem investiu nos títulos com maior rentabilidade nominal (% fixa) após os períodos de crise, podem lucrar de uma forma até mais rápida utilizando estratégias como a marcação a mercado.
Com a queda das taxas de juros, a economia volta a aquecer, empresas podem fazer novos investimentos e as pessoas voltam a comprar. Com o aumento do consumo, as empresas costumam reagir de forma positiva, fazendo com que o dinheiro passe a circular mais.
A expectativa de melhora na economia acaba fazendo com que as ações se valorizem indo então, na direção oposta à renda fixa.
Nessa hora, investidores (principalmente iniciantes) ao verem os preços das ações decolar, desfazem sua posição em renda fixa em um efeito manada e começam , impulsionados pelas notícias e previsões otimistas de analistas e casas de análise, a comprar ações, que muitas das vezes já haviam disparado nas cotações, ou seja, devemos nos ater a nosso estratégia e investir pensando no longo prazo, para que não sejamos “levados pela maré”.
De certa forma, alguns ativos como Fundos de papel e empresas que possuem rentabilidade ligada a índices como Selic e CDI, podem ser impactados.
Seguradoras costumam investir os prêmios em títulos de Renda fixa, para que esse dinheiro possa render até que seja necessário para pagar alguma eventual perda.
No final das contas, caso você tenha uma carteira de investimentos bem estruturada e tenha feito um bom balanceamento, há formas de ganhar dinheiro tanto com a queda quanto com a alta da Selic. Fato é que investidores costumam perder dinheiro quando seguem a manada.
Quando estiver ouvindo que uma ação é boa, provavelmente já está mais cara do que ela vale, então deixe de investir com base em notícias, busque uma estratégia condizente com suas expectativas e sua realidade. Desconfie de “oportunidades únicas” e pense com calma.
Uma ótima forma de balancear sua carteira é definindo proporções fixas dos tipos de investimento, por exemplo 50% de renda fixa e 50% de renda variável.
Então quando seus ativos de renda variável se valorizarem acima dos de renda fixa, saberá que a renda variável está em alta e que é hora de investir na renda fixa, e o mesmo quando os ativos da renda variável se desvalorizarem, saberá que estão baratos e é hora de aportar na renda variável.